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Carta para meus filhos

Manaus, 21 de janeiro de 2018

Caros filhos (ou filhas, ou menino e menina, no mínimo uma menina, quero ter uma menina),

Ainda não conheço vcs, mas considero pacas.

Att,

A direção.

Brincadeira.

O motivo de estar escrevendo para filhos que nunca vi o rosto é um filme chamado Lady Bird. Lady Bird não é o melhor filme, nem O Lado Bom da Vida, nem Dogville (não assistam esse se tiverem menos de 18 anos e um estômago fraco. Mamãe não tem o estômago forte porém tem um fraco para histórias viscerais e nenhuma paciência com o comportamento de seu companheiro de personalidade INFJ, o Lars).

De certa forma, esse filme fez com que minha cabeça caminhasse em direção a Rebelde e Naruto, a glória e a descoberta da primeira década de 2000. O fato é que o clímax de Lady Bird são as cartas que a mãe tenta escrever a filha, numa tentativa de dizer o que realmente pensa além do comportamento perfeccionista em relação a tudo. O pai então recolhe os manuscritos do lixo e entrega a Lady Bird. Então a primeira década dos anos 2000 faz sentido para menina-quase-mulher, e as decepções que acontecem durante a história tornam-se pequenas diante da descoberta de uma mãe tão sonhadora e amável quanto a própria protagonista.

Não quero que demore 18 anos ou mais para que vocês me conheçam, ou uma série interminável em que eu conto como conheci o seu pai. Não posso dizer se vocês são amáveis ou monstrinhos (provavelmente amáveis monstrinhos inquietos e cheios de perguntas, dadas as caraterísticas dos genitores) mas quero que vocês saibam que sim, já fui uma jovem com uma incrível necessidade de provar ao mundo que sou alguém (necessidade essa que só atrapalha no momento, mas segue o barco).

A primeira confissão é: nunca fumei maconha. Infelizmente o “problema” é biológico-comportamental. Foi a primeira coisa que o meu psiquiatra barbado perguntou, olhando profundamente nos meus olhos com o poder de ler comportamentos, próprio dos médicos da mente (provavelmente foi porque eu disse que fazia História na UFAM. Preconceito dele, não meu). Segundo ele, a maconha podia desencadear o “quadro” em pessoas mais propensas a isso. Mal sabia ele que meus colegas maconheiros achavam encantadora a minha capacidade de ter alucinações (mal sabem meus colegas maconheiros que os efeitos das minhas alucinações eram bem mais próximos ao LSD, não a maconha) embora não seja nada agradável ver o chão derretendo e seu braço aumentando e diminuindo do nada. Provavelmente um de vocês pode ter, ou todos. Sinto muito. A única coisa que eu prometo nesse momento é não fazê-los passar pelas situações-limite que eu passei na infância e que provavelmente auxiliaram para que o “quadro” se tornasse algo grave. Espero que quando lerem essa carta a promessa tenha sido cumprida.

A segunda confissão é: se no momento em que leem estas palavras eu pareço “perfeita”, podem acreditar que não sou e com toda a certeza nem eu acho isso. A conversão me ajudou a melhorar a imagem sobre mim: nem mais, nem menos que ninguém. As minhas recentes descobertas sobre “altas habilidades” ou o abominável termo adotado no Brasil, “superdotado”, só fortalecem essa crença: nem mais, nem menos: diferente. O dom de sentir, o dom de chorar uma dor que não é minha. O dom de ver além das aparências, o dom de sofrer por ver os amigos se afundando nas mentiras da distorção da realidade. Isso é dom. Agora Literatura, Matemática, Inglês, Cinematografia e teremim são habilidades aprendidas com o tempo. Provável que as “altas habilidades” caibam a um de vocês ou a todos. Vai ter uma hora que “o olhar” vai aparecer: estranho, enciclopédia ambulante, nem tão inteligente assim. Don’t worry. É apenas fase. E a maioria das coisas que falam é mentira. Mas isso não significa que vocês são maiores que ninguém: nem mais, nem menos, DIFERENTES. Lembrem-se disso.

A terceira confissão é mais um pedido: não tenham medo de encontrar o seu joão-de-barro. Nesse momento em que escrevo, seu pai está dormindo a exatas 4 horas seguidas, desde as 5 da tarde (quer fazê-lo feliz, deixem-o dormir). Mas mesmo as vezes querendo mandar o joão buscar o barro na merda da vaca, eu amo seu pai. Ele está mais pra pedra do que pra barro. E embora aos 19 anos eu tenha colecionado besteiras, seu pai foi um presente e uma sorte daquelas. Agradeçam a ele por alguém nessa família ter a cabeça no lugar, porque sua mãe não tinha nenhuma. Se houve alguém que me ajudou nesse aprendizado do que é realmente amor (não aquela coisa descartável de não deu certo, só trocar de sapato) foi ele. Agora, se no momento em que lerem essas palavras nós estivermos separados por conta de chifre, favor desconsiderar o parágrafo acima (e vá a merda, Pedro!!!1!11!!!)

Isso é tudo que a sua louca de 24 anos tem a dizer por enquanto. Talvez surjam mais cartas, provavelmente muitas cartas… Mas por enquanto as mensagens são: a)não usem drogas, temos quadro psiquiátrico na família; b)não existe perfeição quando se fala em humanidade; c)não tenham medo de encontrar o seu joão-de-barro. De resto, só a vida e suas incríveis derrotas vão explicar e ensinar.

Um cheiro,

Gecylane Sampaio Lima

ou

G.S. Lima

ou

Ane Oipasam

ou

A eterna aluna das palavras não ditas.

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